"Eles se amam. Todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro."
27.08.2013
[Jean-Baptiste Debret - Taberna]
Sinto-me isolado nas reuniões sociais: o excesso de gente impede-nos de ver as pessoas...
17.06.2013
Revejo-me nas conversas, nas reacções, nos reflexos de um dia gasto... Um dia gostava de poder agradecer-te amigo, tudo o que não se ensina nos livros, nas aulas teóricas e nas faculdades, mas sim o que me ensinaste em vida, em Caminho e em partilha.
"Enfim, penso imensas vezes em ir, ir e não voltar tão cedo"
08.06.2013
Comportamo-nos como se as pessoas de quem gostamos fossem durar para sempre. Em vida não fazemos nunca o esforço consciente de olhar para elas como quem se prepara para lembrá-las. Quando elas desaparecem, não temos delas a memória que nos chegue. Para as lembrar, que é como quem diz, prolongá-las. A memória é o sopro com que os mortos vivem através de nós. Devemos cuidar dela como da vida.
Devemos tentar aprender de cor quem amamos. Tentar fixar. Armazená-las para o dia em que nos fizerem falta. São pobres as maneiras que temos para o fazer, é tão fraca a memória, que todo o esforço é pouco. Guardá-las é tão difícil. Eu tenho um pequeno truque. Quando estou com quem amo, quando tenho a sorte de estar à frente de quem adivinho a saudade de nunca mais a ver, faço de conta que ela morreu, mas voltou mais um único dia, para me dar uma última oportunidade de a rever, olhar de cima a baixo, fazer as perguntas que faltou fazer, reparar em tudo o que não vi; uma última oportunidade de a resguardar e de a reter. Funciona.
Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'
03.06.2013
Lovely lady, I am at your feet,
Oh, God, I want you so badly.
And I wonder this:
Could tomorrow be so wonderous
As you there, sleeping?
Oh, God, I want you so badly.
And I wonder this:
Could tomorrow be so wonderous
As you there, sleeping?
26.05.2013
"Caminante no hay camino
Todo pasa y todo queda
Pero lo nuestro es pasar,
Pasar haciendo caminos,
Caminos sobre la mar.
...
Cuando el poeta es un peregrino,
Cuando de nada nos sirve rezar.
Caminante no hay camino, se hace camino al andar"
Antonio Machado
19.05.2013
Deixaste ir, só não foste.
Fizeste por ser derrotado.
Perto do rejubilo perpétuo, a desilusão.
Na caneta o teu futuro traçado, a queda...
E no fim?
Viveste para morrer.
No fim de tudo, só viveste para morrer.
Ludovico Einaudi presente inequivocamente nos pobres e solitários serões impostos pela minha mente, enriquecendo-os.
14.05.2013
"Às vezes estou com o diabo a sós para aprender os rudimentos de certas palavras, as líricas rodas dentadas da morte, os eixos mecânicos por dentro da dicção das suas arestas, a sinuosidade dos dilúvios, a displicência das catástrofes, a percepção áspera da minha mais lírica solidão, seus demorados subterrâneos. O diabo tem uma caixa de semantemas onde guarda o meu penúltimo poema." | José Rui Teixeira [inédito]
31.03.2013
Aniversário... Lembro-me das correrias, da felicidade no teu rosto. Hoje é o meu aniversário, sem dúvida o dia do meu aniversário... Porém, não compensa a perda, não substitui alguém que me deu vida. Ninguém te ama como eu Avó.
22.03.2012
Eu vou andar devagar, vou andar devagar
Segura a minha mão, ensina-me o caminho.
Eu vou andar devagar, vou andar devagar
Distorce a visão da minha melancolia insana.
Segura a minha mão, ensina-me o caminho.
Eu vou andar devagar, vou andar devagar
Distorce a visão da minha melancolia insana.
19.03.2012
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"How can I try to explain
When I do he turns away again
And it's always been the same
Same old story
From the moment I could talk
I was ordered to listen
Now there's a way and I know
That I have to go away
I know I have to go"
Cat Stevens in Father and Son
Ainda que o agradecimento seja inefável e constante durante todo o quotidiano, agradeço-te especialmente hoje, Pai.
13.03.2013
Eminentissimum ac reverendissimum Dominum,
Dominum Jorge,
Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinalem Bergoglio,
Qui sibi nomen imposuit Francisco I.
Que dia magnífico...
12.03.2013
Um dia... seja a ideia paradigmática do preto no branco que enaltece o meu peito, ou a fúria com que avisto Vénus no colo dessa luz imprevista.
10.03.2013
"Durante dez anos vivi emancipado do sentido de propriedade, da profissão, da família, do domicílio, e viajei pelo mundo com uma mala cheia de livros, uma máquina de escrever e um gira-discos portátil. Mas era vulnerável e cedi a sortilégios tão antigos como a mulher, o lar, o trabalho, os bens. Foi assim que criei raízes, escolhi um lugar, o ocupei e comecei a povoá-lo de objectos e presenças. Primeiro de alguém a quem amar, depois do que este ser desejasse, em seguida dos adereços: uma cama, uma cadeira, um quadro, um filho. Mas tratou-se apenas do princípio, pois todos começamos por ser recolectores, tornamo-nos coleccionadores e acabamos como mais um elo da cadeia infinita de consumidores. De modo que, estando já velhos e gastos para o desfrute, vemo-nos circunscritos pelas coisas. Livros que não queremos ler, discos que não temos tempo de ouvir, quadros que não nos apetece contemplar, vinhos que nos fazem mal, cigarros que estamos proibidos de fumar, mulheres que nos falta a força para amar, recordações a que não queremos voltar, amigos para quem não temos perguntas e experiências que não há maneira de aproveitar. O tardio, o supérfluo, o que antes era cobiçado, amontoa-se em torno de nós, organiza-se naquilo a que poderíamos chamar casa, mas tão-só quando já estamos a despedir-nos de tudo, pois esta vida cumulativa acaba por se edificar no umbral da nossa morte."
Julio Ramón Ribeyro in Prosas apátridas
07.03.2013
"Where are you now?
Where are you now?
Do you ever think of me
In the quiet, in the crowd?
Mumford and Sons in Babel
03.03.2013
Falo de Março, tentando remediar algo que não surge por vontade intrínseca, mas pela esperança concebida do que foi anteriormente dito. Escondo a minha melancolia depressiva atrás daquilo que penso ser o [meu] mês, fomentando a percepção irreal que, de facto, possuo algo... Março entoa-me o murmúrio de que coisa nenhuma me pertence, percepciona-me o olhar sobre o dorso dos cavalos, e torna no sentido adverso a minha loucura [quase] redimida em conformidade com o quotidiano. Ainda que retornando a lugares comuns de antigamente, devo admitir que em Março me agrada compulsivamente o singular detalhe, o sinal na face que desmistifica o tempo, a relação efémera entre o chão e a parede que se gasta com os sinos e o toque que me dá o mundo.
Falava-te de Março...
31.01.2013
Mafalda Veiga - Lume
"Não percas tempo,
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar"
.
.
21.01.2013
"Sleep little one, sleep. And when you wake up, I might be gone. Sleep!"
Sigur Rós in Ekki Múkk
16.01.2013
"E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização do coração
são leis como paredes e tetos
cujos vidros vais pisando…
Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus números
raízes quadradas de somas subtraídas
sempre com a mesma solução…"
13.01.2013
[Reunião] Caminho de Santiago, reencontrei gente importante, pedaços de mim no Luso-Francês. Hoje, sinto-me particularmente bem, debruço-me sobre os pormenores do dia-a-dia com alguém [muito] especial, alguém que me marca.
01.01.2013
(escrevo no meu Moleskin)
Fere-me a repetição das palavras incomensuravelmente gastas, degradadas e enganadoras como "ano novo, ida nova", "um brilhante recomeço", "a partir de agora é que vai ser" ; [...] entristecendo-me o facto de serem proferidas de animo leve, com a pobreza de espírito do que não existiu, ou do que ainda não se vê. Sinto [muito] a tua falta Avó, sejam as tuas mãos ásperas no meu dorso, o olhar que me dava o mundo e a audácia que me deste de mão beijada, sem nunca hesitar ou pedir algo em troca. Desejava que, em sentido profundo, 2013 te desse uma "vida nova", que me permitisse [re]começar tudo de novo ao teu lado, de modo a proporcionar-te o essencial, o que é invisível aos olhos, o que não se vê, apenas se sente. Podemos voltar, Avó? [...]
28.12.2012
"Yeah if you give a little love, you can get a little love of your own
Don't break his heart"
16.12.2012
Vem, e volta... Volta com menos significado do que aquilo que anteriormente se disse, pela ostentação que ofusca, e esconde o essencial.
O antigo pinheiro, vem e volta, mas as folhas caem, está na altura de [re]aprender, talvez tudo de novo. Um santo natal.
12.12.2012
Hoje assinala-se uma data importante sobre o mundo, dia 12 de Dezembro de 2012.
Penso sobre o mesmo, sobre o tempo inesperado, as coisas que não disse, e a metamorfose do ser. Assusta-me o poder da substancialidade dos segundos, um pássaro durante toda sua vida alimenta-se de formigas e pequenos insectos, porém quando este morre são esses mesmos seres que se apoderam do seu putrificado corpo, trata-se exclusivamente de circunstância.
09.12..2012
"Há uma tribo africana que faz uma coisa maravilhosa.
Quando alguém faz algo mau ou que magoe outrem, pegam nessa pessoa e levam-na para o meio da tribo e durante dois dias toda a tribo o rodeia dizendo-lhe tudo de bom que ele já tenha feito. A tribo acredita que todos vimos ao mundo BONS e cada um desejando felicidade, paz, segurança e amor. Mas muitas vezes na procura dessas coisas, as pessoas cometem erros.
A comunidade vê estes erros como um pedido de ajuda. Juntam-se todos pelo seu companheiro para o levantar e o religar à sua natureza e lhe lembrar quem ele é, até ele se lembrar da verdade a que se desligou temporariamente:"
18.11.2012
"Um dia, o rei Luís IX, S. Luís de França, visitou as obras da Catedral de Chartres, em reconstrução depois do seu incêndio em 1194, causado por um raio. O rei, passeando pela construção, ia perguntando a cada um o que estava a fazer. As respostas foram várias. Um carpinteiro afirmou-lhe que estava a fazer um dos bancos da nave central; um pedreiro lamentou-se que estava a trabalhar para ganhar a vida e dar de comer aos filhos; um escultor, apontando para um capitel, a que dava os últimos retoques, explicou que estava a seguir as novas regras da arte gótica, criando uma linha decorativa revolucionária. Depois de perguntar a muita gente e de ter recebido respostas variadas, o rei encontrou, num canto escuro, um velhinho curvado que varria aparas de madeira. Quando o rei lhe perguntou o que estava a fazer, o velho respondeu: 'Estou a construir uma catedral.' "
05.11.2012
Como diria um exemplo de pessoa para mim: "honestamente já não corro para aqui à espera de chegar a alguma conclusão. não que o faça melhor, mas mais rápido. talvez a julgar o que vejo de mim ao escrever para outro. importa-me que isto venha a fazer sentido. que lá esteja ao menos."
Vamos caminhando...
Vamos caminhando...
10.06.2012

É nestes moldes que se encontra o meu caderno, por minha negligência admito. Falta-me tempo, ou será inspiração? Talvez a junção de ambas, e cuja origem está nada mais nada menos, que na minha permanente insatisfação, e necessidade de renovar o que se gasta. Preciso caminhar.
07.06.2012
Depois de dois dias incríveis com os meus amigos na Póvoa de Varzim, resta-me o PRIMAVERA SOUND, e consequentemente o Yann Tiersen. Até já.
30.05.2012
"No serviço de auto-falante
No morro do pau da bandeira
Quem avisa é o zé do caroço
Amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira"
No morro do pau da bandeira
Quem avisa é o zé do caroço
Amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira"
19.05.2012
Na passada noite assisti ao vivo a provavelmente, um dos espetáculos mais marcantes do meu ciclo vital, concerto dos Coldplay no Estádio do Dragão no Porto. Foi absolutamente arrepiante, desde as horas de espera, à partilha do momento com pessoas que amo. O conjunto musical provou assim, ser um dos melhores da atualidade com a sua soberba presença de palco. Incrível, um obrigado, Chris Martin.
15.05.2012
Uma das minhas preferências a nível criativo literário é a reflexão a partir de imagens, de marcas temporais e, fundamentalmente, de momentos. Neste caso, o retrato espelha, por si só, o tão gasto segmento textual: - "há imagens que valem mais que mil palavras". Ainda assim, sinto que há sorrisos que são usados como forma de não chorar para sempre.
11-05-2012
Por estes dias, relembro com nostalgia as oficinas de escrita e estética em Barcelona.

(...)
Outra noite cortaste o sono da casa
com frio e medo
apagavas cigarros nas palmas das mãos
e os que te viam choravam
mas tu não, tu nunca choraste
por amores que se perdem
Os naufrágios são belos
sentimo-nos tão vivos entre ilhas, acreditas?
e temos saudades desse mar
que derruba primeiro no nosso corpo
tudo o que seremos depois
«Pago-te um café se me contares
o teu amor»
by José Tolentino Mendonça
10.05.2012

Parece que o peso de tudo se revela insustentável nas minhas costas. As vértebras comprimem como a contração das esquírolas, e o sangue irrompe das veias invariavelmente perdido. Não sinto nada apenas morte, talvez vontade de morrer. Como seria?
08.05.2012
Uma das muitas que me relembra o amor diário, a cumplicidade e o carinho. Amor não recíproco é o "rei do rio que não chega ao mar..."
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