No último mês, tenho sido incessantemente confrontado com esta inovadora publicidade da bebida mais conhecida em todo o planeta, a Coca-Cola (que representa de modo indubitável, o meu vício). Trata-se então de um anúncio "cor-de-rosa", com um efeito sonoro deveras acolhedor, que concebe a nossa humanidade como benfeitora e realiza comparações que, no meu modo de compreensão, se revelam imiscíveis, já que considerando que a relação nascimento/óbito é de 2 para 1, posso muito bem evidenciar que ao morrerem 250.000 pessoas, 500.000 nasceram, e começar já a sessão pirotécnica sobre o rio Douro! Não, porque a verdade está assente no facto de não se tratar do mesmo conjunto de acontecimentos (obrigado Probabilidades e Estatística 12º Ano) e como tal, não se podem ter ambos na idêntica linha de conta. É de realçar também, que nos tempos de crise, miséria e desemprego que passamos, um anúncio publicitário a aumentar-nos o ego é inegavelmente enriquecedor, porém tem de ser minimamente credível, porque também já perdi as contas sobre os diálogos do nosso antigo Primeiro-Ministro em que era proferido enumeras vezes que tudo passaria a um estado ascendente, e continuo a ver mulheres-mendigas na rua carregando uma criança ao colo sem sítio onde dormir, a fila de uma das casas de apoio a sem-abrigo cada vez maior e diversificada, e as dificuldades a crescerem em torno de mim. Em suma, infelizmente há muito mais de mau neste planeta do que de bom, cabe a cada um de nós ter a força para fazer o fazer mover na direcção contrária!
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