(Árvore da vida)
"Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças."
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças."
Ricardo Reis, in Odes
Será a efemeridade da vida tão vã que, aquando da sua chegada, será menos doloroso não guardarmos compromissos para que o próximo, perto de nós, não sofra? Não será um percurso vital assente nas raízes do estoicismo, em que as sensações são 'suavizadas', 'moderadas' e 'equilibradas', tão benéfico não só para nós, mas também para aqueles que nos rodeiam e que se afeiçoam? Para Ricardo Reis sim, esta será a melhor opção de vida, mas e para nós? Quero acreditar que não, acima de tudo isto, encontra-se o amor e o afeto que sinto por determinadas pessoas. Porém, creio fundamentalmente que, a corrida frenética exigida pelo nosso quotidiano não nos permite sequer 'viver, sentir e amar' aqueles que talvez mais o mereçam, não é mesmo?
