25.02.2012



























         
                     (Maravilhas fez em mim)



Regressei hoje do caminho de Santiago, ainda com escassas palavras que o consigam, fundamentalmente descrever. Sinto-me exausto, seja o sabor amargo do inconstante regresso, o anúncio diabólico de que de facto, corro para a morte, e o cansaço subjacente à minha condição de peregrino. Volto "com um sorriso nos lábios, e uma estrela na fronte" como os milhões de peregrinos que o fizeram sem grande esperança de reaver a sua família, apenas com a consciência de que são pó da terra, e que isso é muito pouco. Foram 230 peregrinos rumo a Santiago, alguns pela primeira vez, outros pela vigésima, porém com a ideia de que, efetivamente, o número tem uma significação pouco importante. Aprendi muito com os companheiros incríveis de caminhada, com quem partilhei o pão, com os quais partilhei a minha vida, aprendi o silêncio do Luís, a benção do humor do Rui e do grande Manel, o canto do Gonçalo, a força de vontade da Joana, do Carlos, a incansável lealdade do Ricardo, a simpatia incomensurável da Ana, o gesto da Mariana, o abraço do Nuno, a presença constante do Jorge, a ausência do Carlos e da Ana, e o amor paterno do Victor. Entre um turbilhão de atitudes que não consigo descrever, nem agradecer através de diminutos segmentos textuais... Foi absolutamente incrível, até já e bom caminho!    




"Meu amor essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa"


CS Fev 2012