Numa das discussões inerentes à relação parva, extrovertida e deveras cómica que vou mantendo com uma pessoa cuja ausência resultaria numa profunda tristeza do meu coração, perguntei-lhe se após quebrar um copo em que a sua reutilização seja, de facto, impossível e se de seguida lhe pedisse "Desculpa", será que o mesmo se reconstituiria? Apesar da resposta ter sido frontalmente desviada com o argumento falacioso - ' Eu nunca pediria desculpas para um copo, João!' - seguida de um olhar mortífero que quase me vazou a vista esquerda, a verdade é que, há coisas que nos magoam intrinsecamente, e que por muito que a pessoa esteja arrependida e peça perdão, nada fará aquela relação ser a mesma, dado que o nosso interior está ferido, molécula-a-molécula. Sempre me foi ensinada a doutrina de perdoar o próximo, e, sem dúvida que considero um acto de extrema bravura e coragem, porém, até que ponto não estaremos nós, diariamente a cometer erros crassos com essa aceitação de ânimo leve de um pedido de desculpas?
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